Gestão e Destinação de Resíduos para Cidades Sustentáveis – Tecnologia de Coprocessamento
Por iniciativa conjunta da ABCP e do SNIC, profissionais e técnicos de órgãos ambientais de Amazonas, Bahia, Sergipe e Tocantins participaram na manhã desta quarta-feira, 26/08, do webinar “Gestão e Destinação de Resíduos para Cidades Sustentáveis – Tecnologia de Coprocessamento”. O evento, realizado em formato on-line, teve o objetivo de contribuir para o desenvolvimento técnico das equipes dos órgãos ambientais e buscar harmonização conceitual da tecnologia do coprocessamento de resíduos em fornos de clínquer, reforçando a atividade como uma alternativa adequada e complementar para a gestão de resíduos em cidades sustentáveis e inteligentes. Cerca de 35 profissionais da área participaram do encontro.
>> Esta foi a segunda edição do evento. Na primeira realização, ocorrida dia 18/08/2021, participaram profissionais de Alagoas, Espírito Santo, Pará, Roraima e Santa Catarina. Na ocasião, cerca de 50 profissionais estiveram presentes. Mais dois encontros serão realizados em setembro próximo, em datas ainda a ser confirmadas, com a participação de outros estados da federação.
Aberto pelo presidente da ABCP e do SNIC, Paulo Camillo Penna, e mediado pelo diretor de Comunicação, Hugo Rodrigues, o encontro contou com palestra do consultor Gunther André Hofstatter, da FG Serviços Ambientais, que contribuiu decisivamente para a nova Resolução Conama 499/20, que dispõe sobre o licenciamento da atividade de coprocessamento de resíduos em fornos rotativos de produção de clínquer. Cerca de 50 profissionais da área participaram do encontro.
O presidente da ABCP lembrou que, até os anos 40, o Brasil tinha menos de 20% da sua população nas cidades e essa pirâmide se inverteu significativamente, e que cada um dos 220 milhões de brasileiros produz 383 kg de resíduos domésticos por ano. “Algo que parecia distante e pouco provável já ocorre. O relatório divulgado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC) deixa claro o impacto direto do aquecimento da atmosfera sobre a humanidade devido à emissão dos gases de efeito estufa (GEE)”, disse.
Para Paulo Camillo, a tecnologia de coprocessamento exerce duas funções essenciais no ambiente e está plenamente inserida no conceito de economia circular, já que aproveita o poder energético dos resíduos e também elimina o passivo ambiental representado pelo acúmulo deles em aterros e lixões. “Como sabemos, a utilização de combustíveis alternativos pelo setor potencializa uma menor emissão de CO2 por substituir combustíveis fósseis tradicionais, como coque de petróleo e carvão. Os benefícios da técnica incluem a preservação de recursos naturais em matérias-primas. A redução de GEE gera empregos, a redução de lixões, a melhoria da saúde pública e o aumento da vida útil dos aterros sanitários existentes.”
CONTEÚDO
O evento de duas horas, aproximadamente, foi organizado em três módulos, que trataram de: 1) Cidades Sustentáveis e sua Conexão com o Processamento de Resíduos Sólidos; 2) Coprocessamento de Resíduos Sólidos na ótica da Indústria Cimenteira; e 3) Políticas Públicas e a base legal para execução da atividade de Coprocessamento de resíduos sólidos e conexão mundial. Ao final de cada módulo, os participantes puderam apresentar dúvidas e aprofundar o debate.
Em sua palestra, Gunther Hofstatter destacou o conceito de coprocessamento, definido por quatro vertentes: matérias-primas alternativas, combustíveis alternativos, destruição térmica de passivos e ganhos ambientais. Segundo ele, “é simplista definir o coprocessamento apenas pela substituição de matérias-primas ou uso de combustíveis alternativos. O coprocessamento é uma solução ambiental integrada”, que se oferece às políticas públicas de destinação de resíduos urbanos. “Os resíduos ocupam o quarto lugar entre as fontes emissoras de GEE no mundo e a transformação energética está em primeiro lugar. Portanto, é fantástico quando podemos atuar nessas duas frentes, como é o caso do coprocessamento”, explicou Hofstatter.
Ao tratar dos aspectos técnicos, o especialista observou que o licenciamento concedido à indústria refere-se à capacidade do forno de destruir os resíduos, ou seja à atividade, não aos materiais que serão coprocessados, e que o coprocessamento acaba impulsionando a indústria a seguir um novo e mais elevado patamar de controle das emissões”. Ele informou que já existem no país plantas industriais que coprocessam o resíduo sólido urbano (RSU), assim como plantas de preparo de RSU. “O que precisamos agora é ampliar essas atividades”, concluiu.
Para o presidente da ABCP, “devemos erradicar a ideia de ser um dos países que ainda enterram energia. Esperamos que haja aqui uma troca de muito conhecimento técnico e sinergia, e que tenhamos o sentimento de que a transformação virá a partir dos nossos próprios atos. A união de esforços de todos aqui presentes é um marco para continuarmos seguindo em uma agenda tão importante como esta. Ou seja, uma economia de baixo carbono, com fontes renováveis e menor disposição de resíduos em aterros”.