Programa Lixão Zero em MG pode contar com coprocessamento de resíduos
Solução foi debatida em encontro da indústria de cimento com consórcios intermunicipais que concorrem ao crédito de R$ 100 milhões do MMA
Os esforços visando a erradicação dos lixões e o fortalecimento da economia circular no país ganharam na manhã desta quinta-feira, 15/07, mais um suporte, desta vez envolvendo a indústria de cimento e consórcios públicos intermunicipais do Estado de Minas Gerais. Com a presença de aproximadamente 40 participantes, dos quais 8 painelistas e 28 dirigentes de consórcios mineiros convidados, a ABCP promoveu o webinar “Destinação Sustentável para os Resíduos Sólidos Urbanos – Tecnologia de Coprocessamento”, evento referenciado no edital de chamada pública elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente, cujo objetivo é a seleção de projetos para a melhoria da gestão de resíduos sólidos no Estado de Minas.
Os recursos anunciados no edital, disponibilizados pelo programa Lixão Zero, somam 100 milhões de reais e o prazo para apresentação de projetos se encerra no final do mês. Os consórcios contemplados terão o compromisso de operar as usinas de triagem e a responsabilidade de encerrar os lixões nos municípios beneficiados pelo projeto. Dados da Secretaria de Estado de Meio Ambiente apontam que Minas tem, hoje, 406 municípios (33% da população) que integram um ou mais consórcios públicos intermunicipais atuantes na gestão de resíduos sólidos. Foram convidados ao evento ao menos seis consórcios cujos territórios possuem fábricas de cimento: CIGEDAS, CISREC, CISAB, CODANORTE, CONSANE e CORESAB.
Trabalho conjunto
O evento foi aberto e conduzido por Mário William Ésper, diretor de Relações Institucionais da ABCP, que destacou o “intenso trabalho junto aos órgãos de governo no sentido de colaborar para a destinação adequada dos resíduos sólidos urbanos”. Ele lembrou que 25% de todo o cimento consumido no Brasil provém de Minas Gerais, o que já representa um grande parque consumidor de CDRU (Combustível Derivado de Resíduo Urbano). “A indústria utiliza o coque de petróleo para produzir o cimento. Diante das várias ações da indústria para mitigar a emissão de gases de efeito estufa, uma das medidas é utilizar combustíveis alternativos. O objetivo da ABCP é formar uma parceria com os consórcios presentes para enfrentar esse desafio”, enfatizou Mário William.
Daniel Mattos, diretor de Coprocessamento da ABCP, destaca que a apresentação da tecnologia do coprocessamento aos consórcios convidados está em linha com o edital e o programa, pois pode contribuir para a melhoria do gerenciamento de resíduos sólidos urbanos na região. O governo pretende que o recurso seja utilizado na construção de unidades de tratamento de resíduos em três categorias: reciclável, orgânicos e CDRU – este utilizado pela indústria em substituição a combustíveis fósseis, como o coque de petróleo. “Esta é uma oportunidade para a implantação de instalações de reciclagem e requalificação de lixo urbano, colaborando para a erradicação dos lixões”, explica Daniel. Em sua explanação, ele lembrou que o Brasil gera 79,1 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU) por ano, sendo que 45% desse volume têm disposição inadequada. Em contrapartida, Minas gera anualmente 1,6 milhão de toneladas de CDRU (resíduos não recicláveis) por ano, o que pode ser aproveitado pelas 13 plantas industriais integradas do Estado.
O encontro contou também com uma apresentação de Juliano Menezes, gerente da Geocycle, empresa do grupo LafargeHolcim, sobre “Planta de triagem / CDRU – Etapas do processo e cases de sucesso”, oportunidade em que o executivo mostrou o exemplo bem-sucedido de uma instalação industrial do grupo na Costa Rica. Ao lado de Menezes, o setor esteve representado por três diretores da indústria de cimento com unidades produtoras em Minas Gerais: Cristiano Ferreira (Intercement), Francisco Chaves Jr (Votorantim) e Pedro Carvalho (Cimento Nacional). Ao término das apresentações, todos interagiram com representantes dos consórcios para sanar dúvidas e reforçar potenciais parcerias.
O coprocessamento é um forte aliado da economia circular. Por meio dessa tecnologia, os resíduos industriais, agrícolas e sólidos urbanos podem ser reinseridos na cadeia produtiva, em substituição aos combustíveis fósseis. Além disso, ocorre uma substituição de matérias-primas e o que não é convertido em energia é incorporado ao clínquer. A solução traz inúmeras vantagens, como: preservação de recursos naturais e matérias-primas, redução de gases de efeito estufa, geração de empregos, erradicação dos lixões, melhoria da saúde pública, inclusive com economia de gastos nessa área, e aumento da vida útil dos aterros sanitários.
>> Assista ao vídeo do evento no canal da ABCP no YouTube: